Tópicos 2e1: Paul Tieman

Paul Tieman, arquiteto e historiador holandês. Gestor do antigo espaço HuismethetHandje em Maastricht, Holanda e atual idealizador do espaço A la Maintje em Gennes, França.

Paul Tieman, Former manager of the space HuismethetHandje in Maastricht, Netherlands and current manager of the A la Maintje in Gennes, France.

p1Paul Tieman (1968) Eu nasci no carnaval de 1968, no dia 27 de fevereiro. 1968… carnaval… foi imediatamente claro que a educação comum e carreira profissional não estavam no meu caminho. E assim aconteceu. Depois de algumas escolas técnicas e artísticas inacabadas, eu decidi deixar o sistema de ensino tradicional e fazer tudo sozinho. Felizmente meus pais me deram algum cérebro e a coragem de usá-lo de uma forma útil, então não foi extremamente difícil desenvolver uma carreira como autodidata. Duas carreiras de fato. Uma contém o mundo da história da arquitetura. Minha especialidade é a história dos métodos de construção e materiais usados para levantar o ambiente humano construído. Mais e mais, eu sou chamado para atuar como designer, inclusive como arquiteto. A outra parte da minha carreira profissional pode ser encontrada no mundo das artes visuais. Meu trabalho pode parecer muito diferente à primeira vista, mas não é. Tudo está focado em um único tema: a comunicação entre pessoas, respeitando seus biotipos. Além das minhas atividades como artista e historiados, eu e minha esposa Gonnie estamos felizes em organizar pequenos eventos culturais. Sempre de forma independente. Recentemente eu mudei da minha cidade natal, Maastricht, para a pequena cidade francesa Gennes, localizada no coração do vale do Loire, com seus famosos castelos e jardins. Em Gennes, nós vamos continuar nossas atividades culturais – como de costume, ‘sem fins lucrativos’.

1. Arte e arquitetura

‘Profissionais autodidatas têm sempre medo que, seus conhecimentos e habilidades adquiridos arduamente sejam perdidos um dia, e por isso eles estão fortemente atados a tudo que eles sabem e podem’. Eu li essa afirmação pouco tempo atrás em um artigo. Ela me tocou, porque eu sou um desses profissionais auto formados. Eu sou um autodidata. E eu poderia dizer que essa afirmação reflete muito bem minha própria experiência. Talvez, seja essa a razão pela qual eu gosto tanto dos dois caminhos da minha carreira. Tanto a arte quanto a arquitetura fazem parte do meu trabalho diário.

h01

Algumas impressões de ‘House of Whispers’, em 11 janeiro de 2014. Foi o último evento em HuismethetHandje, antes de nos mudarmos para a França.

No mundo ocidental, o meio do século 19 marca o início de uma nova era. Não só quando se trata da economia industrial e da ‘construção nacional’, mas também na cultura, na minha opinião. Como toda a sociedade, o mundo da cultura foi tornando-se organizado. Bem organizado. Extremamente organizado. Toda forma de expressão cultural ganhou sua própria gaiola. Às vezes uma gaiola dourada: pinturas a óleo, ópera e arquitetura eclética eram fortemente apreciadas, enquanto canções folclóricas, narração de histórias e a arquitetura das fazendas não eram mais vistas como expressões culturais nas quais profissionais deveriam atuar. Mas, em primeiro lugar, tudo tinha que caber dentro de uma caixa: então arquitetos tornaram-se arquitetos, pintores pintores, escultores escultores e carpinteiros carpinteiros. Um carpinteiro profissional que criava profissionalmente sua própria arquitetura não existia mais; um pintor que criava suas pinturas na superfície de modelos em escala urbana não era mais um pintor real. A substituição do antigo sistema secular de aprendizado face-a-face de habilidades e conhecimentos por pessoas multi-talentosas pelas, como os franceses chamam-lhe tão elegantemente, ‘académies des beaux-arts’ (academia de belas artes) e ‘écoles des arts et métiers’ (escolas de artes e ofícios) encorajaram fortemente o ‘hokjesgeest’ (uma típica expressão holandesa que pode ser traduzida como ‘o espírito do pensamento encaixotado’). Até hoje o ‘hokjesgeest’ domina nosso mundo ocidental. Arquitetos são arquitetos, artistas são artistas. Leonardo da Vince estaria muito infeliz com tudo isso. Assim como eu, afinal ele é uma das minhas grandes inspirações.

Felizmente, existem vários sinais de que as coisas estão mudando. Arte e arquitetura parecem viver menos e menos em mundos separados. Hundertwasser criou seu mundialmente conhecido bloco de apartamentos em Viena algumas décadas atrás. Na cidade Holandesa de Heerlen, o artista Michel Huisman teve a chance de criar um novo quarteirão. E eu mesmo, bem eu me envolvi mais e mais em projetos onde a pergunta se os aspectos eram arquitetônicos ou artísticos não aparecia mais. Como o museu ‘Schuilen in Maastricht’, onde eu realizei a cenografia e o design técnico. Ou ‘les Feux des Cimentements’ um projeto arquitetônico e artístico de iluminação para a fachada estilo Bauhaus (1927) no antigo ‘prédio de embalagem e laboratórios’ da ‘Enci cement factories’ em Maastricht (NL). Também a restauração da antiga estação de trem de Houthem-St Gerlach, um dos raros exemplos de arquitetura ferroviária de madeira na Europeu ocidental, é um exemplo do desaparecimento do ‘hokjesgeest’. Esse projeto contém também importantes aspectos da história da arquitetura. Como HuismethetHandje.ofissional que criava profissionalmente sua própria arquitetura não existia mais; um pintor que criava suas pinturas na superfície de modelos em escala urbana não era mais um pintor real. A substituição do antigo sistema secular de aprendizado, de habilidades e conhecimentos, face-a-face por pessoas multi-talentosas pelas, como os franceses chamam-lhe tão elegantemente, ‘académies des beaux-arts’ (academia de belas artes) e ‘écoles des arts et métiers’ (escolas de artes e ofícios) encorajaram fortemente o ‘hokjesgeest’ (uma típica expressão holandesa que pode ser traduzida como ‘o espírito do pensamento encaixotado’). Até hoje o ‘hokjesgeest’ domina nosso mundo ocidental. Arquitetos são arquitetos, artistas são artistas. Leonardo da Vince estaria muito infeliz com tudo isso. Assim como eu, afinal ele é uma das minhas grandes inspirações.

2. HuismethetHandje em Maastricht

Como em muitas cidades históricas europeias, os traços mais antigos da história de minha cidade natal, Maastricht (116,000 habitantes), podem ser notados no coração da cidade. Maastricht remonta aos tempos romanos, ou ainda mais cedo. Mas, o mais visível atualmente são as inúmeras igrejas medievais, e as ruas com centenas de fachadas dos séculos 17 e 18, todas elas construídas no típico estilo regional do vale de Meuse, um estilo arquitetônico que tem muitos laços com os estilos arquitetônicos belgas e franceses, mas pouco em comum com o “Estilo Holândes” de Amsterdam. Uma dessas típicas casas de Maastricht é chamada ‘HuismethetHandje’ (‘a casa Handshaking’). Como muitas das suas vizinhas, ela foi construída em muitos diferentes estágios. A parte mais antiga pode ser encontrada no porão, um poço sem idade ou história conhecida, mas certamente construído entre 1200 e 1600.

h06

O banheiro no porão abobadado do século 17.

Em torno de 1690 o porão abobodado foi feito e o poço coberto. No meio do século 18, o térreo atual da HuismethetHandje foi erguido. Naquele tempo, HuismethetHandje era parte do monastério de St Andries. Provavelmente era usada como um tipo de casa de jardim. Em 1796 o monastério encerrou sua existência: ele foi aprendido pela França revolucionária. A capela ganhou uma novo destino como prisão militar, enquanto HuismethetHandje foi vendida para um dono particular que atuou como senhorio. Em torno de 1880 a casa foi alargada com a adição do primeiro andar. Naquele momento, os 50m2 da casa foram  divididos em (pelo menos) três apartamentos de um quarto, cada um deles habitado por uma, na maior parte estendida, família. A cozinha, o porão (armazenamento de carvão), e o banheiro eram usados coletivamente. Depois de 1975, quando melhores condições de vida permitiram famílias se mudarem para casas recém-construídas nos arredores de Maastricht, a HuismethetHandje serviu como moradia estudantil. Até que eu e minha esposa Gonnie compramos a casa em 2000. Depois de 2 séculos de uso intenso e quase ausência de reformas, a casa era quase uma ruína. Mas isso significa que todos os traços históricos ainda estavam lá. Renovações, e também restaurações de prédios históricos, especialmente casas, destroem sempre os elementos do seu desenvolvimento histórico: pisos são substituídos, vigas de madeira são alteradas, ladrilhos são removidos. Nós decidimos seguir outro caminho na renovação: continuar o desenvolvimento histórico, e não substitui-lo por novos elementos. Então nós fizemos a escolha radical de evitar tanto quanto possível substituir coisas, e somente adicionar novos elementos. Por exemplo: Eu descobri 25 camadas de pintura em uma das portas. Ao invés de remover todas as camadas, que é o caminho normal para renovar a pintura, nós simplesmente adicionamos uma 26a camada de pintura. Além disso, quando se tratava das funções dos espaços, nós procuramos por funções que coincidiam com o espaço. Então, o porão (já sempre um pouco húmido) tornou-se o banheiro mais conhecido de Maastricht. No momento da renovação experimental da HuismethetHandje (2000-2004), o círculo arquitetônico de Maastricht nos via como uma espécie de esquisitos. Mas a opinião mudou. O projeto de restauração da estação ferroviária de Houthem-St Gerlach, onde eu atuei como arquiteto seguindo os mesmos métodos de ‘evitar substituições e insistir somente na adição’ atraiu muito o interesse dos arquitetos. HuismethetHandje não é somente uma casa histórica. Não é somente um museu, mas um lugar para viver e trabalhar. Por isso eu adicionei uma camada artística no interior, colocando quase 20 peças de arte de instalação. Quando, em 2012, nós decidimos mudar para França, nós fizemos planos para transferir tudo para França. Mas… a ideia era sem sentido. HuismethetHandje foi comprada tanto como moradia, como uma obra de arte, em 2013 por uma canadense, que depois da aposentadoria resolveu morar em Maastricht. E nós? Nós mudamos para a pequena cidade de Gennes, no Anjou, França. Lá, rodeados pelos mundialmente famosos castelos do Loire, nós estamos criando, seguindo os mesmo princípios, outra HuismethetHandje: A la Maintje.

3. Saaibestrijding

Meus pais, especialmente minha mãe, encorajaram seu filho a pensar livremente, a ser crítico sobre cada ideia e opinião, e a agir independentemente mas em cooperação com o resto do mundo. Assim, ela considerou importante para seu filho que ele soubesse não somente como cortar um pedaço de madeira, ou como gerir seus trens elétricos em miniatura. Mas também como cozinhar uma boa comida, como lavar a roupa, e como usar a máquina de costura. E de fato, eu ainda sou capaz de cozinhar e de usar a máquina de lavar. Mas é só da máquina de costura que eu realmente gosto. Quando eu me tornei adulto e independente, artista profissional, eu ganhei (fortemente encorajado pela minha esposa Gonnie) liberdade para vestir o que eu gosto de vestir no dia a dia. Porque as roupas masculinas ocidentais são limitadas a camisetas, jeans, ternos e outros itens de um-em-um-milhão (sem falar sobre as cores e padrões maçantes), eu dei um mergulho na história e fui surpreendido ao descobrir que antes de meados do século 19, as roupas masculinas eram muito mais coloridas, em muitos aspectos, do que hoje me dia. E em 2014 é difícil de imaginar que o traje médio europeu do século 13 continha saias e calças de dois tons em cores brilhantes, homens ricos de Veneza vestiam no século 16 sapatilhas de ballet, homens de negócio de Amsterdam vestiam no século 17 mangas de renda e usavam cabelos longos, ou os homens franceses que no século 18 vestiam ‘chausettes’ de seda brilhante. Pouco a pouco, eu introduzi do meu próprio jeito mais criatividade e cores na minha roupa do dia a dia. Por falta de tempo eu não faço mais minhas próprias ‘criações’, mas eu descobri (principalmente na internet) muitas pessoas corajosas ao redor do mundo que tem a coragem para criar minha roupa. Até mesmo meus sapatos são feitos por sapateiros. Muitos deles são inspirados em sapatos renascentistas, mas eles nunca são cópias, assim aconteceu que eu me encontrei em um plataforma de 11 cm.

s10

Inspirado nos sapatos medievais, um sapateiro indonésio criou estes sapatos. Eles parecem difíceis de usar, mas não são.

Paul Tieman

França é absolutamente a fonte mais rica de criatividade quando se trata de minhas roupas. Um bom exemplo são os muitos itens desenhados por Katia Scoazec da Bretanha. Suas criações (Katiwacréations) são fantásticas. Eu sou um dos poucos clientes masculinos, mas ela tem definitivamente talento para ‘des-feminilizar’ roupas como vestidos ou saias e faze-los de uma forma masculina.

s03

Uma típica criação de Katiwat: minha roupa do dia a dia.

*tópicos 2e1 é uma coluna sobre arte contemporânea publicada mensalmente no Blog do Ateliê Coletivo2e1. Todo mês um profissional internacional é convidado para falar livremente sobre três assuntos propostos pelo nosso editorial. Atualmente, tópicos 2e1 é coordenado por Monica Rizzolli.

.

Original version

Paul Tieman (1968) I’m born during carnaval 1968, on february 27th. ​1968… carnaval… it was immediately clear that an ordinary education and professional career was not on my way. And so it happened. After some unfinished technical and artistic school careers I decided to quit ordinary education and do it all myself. Happily my parents gave me some brains and encouraged me to use them in a useful way, so it was not extremely difficult to develop an autodidactic career. Two careers in fact. One contains the world of architectural history. My specialism is the history of building methods and materials used to construct the human built-up environment. More and more, I am asked to act as designer, even as architect. The other part of my professional life can be found in the wide world of visual arts. My work can be very different on first sight, but it is not. All of it is focused on only one theme: the communication between people, concerning their biotopes. Beside my activities as artist and historian, me and my wife Gonnie are happy to organize small cultural events. Always in an independent way. Recently I moved from my birthplace of Maastricht to the small French town of Gennes, located in the heart of the Loire valley with its famous gardens and castles. In Gennes, we will continue our cultural activities – as usual, ‘sans but lucratif’!

1. Art and architecture

“Self-made professionals are always afraid that their, mostly difficultly acquired knowledge and skills get lost one day, and because of that they are glued heavily to everything they know and can.” I read this statement shortly ago in an article. It touched me, because I am one of those self-made professionals. I am an autodidact. And I should say that the statement reflects very well my own experience. Perhaps that is the very reason why I like so much the two paths in my career. Both art and architecture take part in my daily work.

In the western world, the middle of the 19th century marks the beginning of a new era. Not only when it comes to industrial economy and nation-building, but also in culture, to my opinion. Like the whole society, the world of culture was getting organized. Well organized. Extremely organized. Every cultural expression got its own cage. Sometimes a golden cage: oil paintings, opera music and eclectic architecture were heavily appreciated, while dialect songs, storytelling and the architecture of farms were not seen anymore as cultural expressions in which professionals should perform. But, first of all, everything had to fit into its box: so architects became architects, painters painters, sculptors sculptors, carpenters carpenters. A professional carpenter who created his own professional architecture did not exist anymore; a painter who created his paintings on the surface of urban scale models was not a real painter anymore. The replacement of the centuries old system of learning face-to-face the skills and knowledge of multi-talented people by, as the french them call so elegantly, ‘académies des beaux-arts’ and ‘écoles des arts et métiers’ encouraged the ‘hokjesgeest’ (this typical Dutch expression can be best tranlsated as ‘the spirit of cage-thinking’) heavily. Up to this day, the hokjesgeest dominates our western world. Architects are architects, artists are artists. Leonardo da Vinci would be very unhappy with it. So me, because he is one of my biggest inspirators.

Luckily, there are a lot of signs that things are changing. Art and architecture seem to be lesser and lesser living in separate worlds. Hundertwasser created his worldwide known apartment block in Vienna some decades ago. In the Dutch city of Heerlen, artist Michel Huisman got the chance to create a new quarter. And for myself, I got more and more involved into projects where the question if aspects are architectural or artistic not appears anymore. Like the museum ‘Schuilen in Maastricht’, where I did all the ‘scénographie’ and the technical design. Or ‘les Feux des Cimentements’ an architectural and artistic illumination project for the Bauhaus style façade (1927) of the former ‘packing building and laboratories’ of Enci cement factories in Maastricht (NL).  Also the restoration of the former railway station of Houthem-St Gerlach, one of the very rare examples of wooden railway architecture in Western Europe is an example of the disappearing ‘hokjesgeest’. This project contains also important aspects of architectural history. Like HuismethetHandje.

2. HuismethetHandje in Maastricht

Like many historical towns in Europe, the oldest traces of history of my birthplace of Maastricht (116,000 inhabitants) can be noticed in the heart of the city. Maastricht dates back to roman times, even earlier. But most visible nowadays are the many medieval churches, and the streets lined with hundreds of 17th and 18th century facades, all of them built in the typical regional style of the Meuse valley, the architectural style which has many ties with the architectural styles in Belgium and France, but little to do with the ‘Dutch style’ of Amsterdam. One of those typical Maastricht houses is the so-called ‘HuismethetHandje’ (‘the Handshaking House’). Like many of its colleagues, it is constructed in many different stages. The oldest parts can be found in the basement, a well with unknown age and history, but surely digged between 1200 and 1600. Around 1690 the vaulted basement was made and the well filled up. In the middle of the 18th century, the present ground floor of HuismethetHandje was erected. At that time, HuismethetHandje was part of the monastery of St Andries. Probably it was used as a kind of garden house. In 1796 the monastery ended its existance: it was seized by revolutionary France. The chapel got a new destination as military prison, while HuismethetHandje was saled to a private owner who acted as landlord. Around 1880 the house was further enlarged by adding a 1st floor. At that time, the 50 m2 house was split into (at least) three one room-appartments, each of them inhabited by one, mostly extended, family. The kitchen, the basement (storage of coal), and the toilet were commonly used. After 1975, when better living circumstances allowed families to move to newly built houses on the outskirts of Maastricht, the HuismethetHandje served as a students home. Until me and my wife Gonnie bought it in 2000. After two centuries of heavy use and near absence of renovations, the house was like a ruin. But that meant also that every trace of its history was still there. Renovations, and also restaurations of historical buildings, especially houses, destroy always elements of their historical development: floors are replaced, wooden beams are changed, tiling is removed. We decided to follow another path of renovation: to continue the historical development, and not replacing it by new elements. So we made the radical choice to avoid as much as possible the replacing of things, and only add new elements. For example: I discoverd 25 layers of paint on one of the doorst. Instead of removing them all, which is the normal way to renovate painting, we simply added a 26th layer of paint. Also when it came to functions for spaces, we search for functions which matched to the space. So the basement (already always a bit humid) became the best known bathroom in Maastricht. At the time of the experimental renovation of HuismethetHandje (2000-2004), architectural Maastricht watched us as a kind of weirdos. But that opinion changed. The project of the restauration of the railway station of Houthem-St Gerlach, where I act as architect by following the same method of ‘avoid replacing and insist on adding only’ attracts a lot of interesting architects. HuismethetHandje is not only a historical world.  It is not a museum, but a place to live and work. Therefore I added an artistic layer in the interior by installing nearly 20 pieces of installation art. When, in 2012, we decided to move to France, we made plans to transfer them all to France. But… the idea was useless. HuismethetHandje was bought as both a living space, and an artwork, in 2013 by a Canadian women, who after her retirement, decided to live in Maastricht. And we? We moved to the small town of Gennes, in the Anjou, France. There, surrounded by the worldwide known castles of the Loire, we are creating, by following the same principles, another HuismethetHandje: A la Maintje.

3. Saaibestrijding

My parents, especially my mother, encouraged her son to think freely, to be critical on every idea and opinion, and to act independent but in cooperation with the rest of the world. So, she considered it important for her son that he knew not only how to cut a piece of wood, or how to run his electric miniature trains. But also how to cook a good meal, how to do the laundry, and how to use the sewing machine. And indeed, I am still able to cook and to use the laundry machine. But only the sewing machine I like really. When I became adult and an independent, professional artist, I got (encouraged heavily by my wife Gonnie) freedom to wear what I like to wear in daily life. Because western men’s clothing is limited to T-shirts, jeans, suits and other one-in-a-million items (not to speak about dull patterns and colours), I took a dive into history and was surprized to discover that before the mid of the19th century, male clothing was much more colourful in many ways, than nowadays. It is in 2014 difficult to imagine that the average European male costume in the 13th century contained skirts and two-tone tights in bright colours, rich men from Venice wore in the 16th century ballet flats, Amsterdam businessmen in the 17th century lace sleeves and long hair, or that French men of the 18th century wore glossy silk ‘chausettes’. Bit by bit, I introduced on my own way more creativeness and colours in my daily outfit. Because of lack of time I do not make my own ‘créations’ anymore, but I discovered (mainly by the www) many creative people all around the world who have the courage to create my clothing. Even my shoes are often made by shoemakers. Many of them are inspired by renaissance shoes, but never they are copies, so it can happen that I find myself on 11cm platform flats. France is absolutely the richest source of creativeness when it comes to my clothing. A good example are the many items designed and made by Katia Scoazec from Bretagne. Her designs (Katiwacréations) are fantastic. I am one of the few male clients, but she has defenitely the talent to ‘de-female’ outfits like dresses or skirts and make them in a manly way. Even she is able to design shorts to wear with tights and flats in such a way that it is undoubtable male clothing!

*tópicos 2e1 is a column on contemporary art published monthly in the Ateliê Coletivo2e1′s Blog. Every month an international professional is invited to speak freely about three topics proposed by our editorial. Currently,tópicos 2e1 is coordinated by Monica Rizzolli.

Comments are closed.