Sobre educação e arte

Quando dei início ao Trilha respondi a alguns questionamentos sobre meu interesse em formação de artistas visuais. Sendo já “formação” uma palavra difícil para se aplicar nessa condição de arte+educação. Era como se eu estivesse criando uma “solução para seus problemas” na visão de alguns que não conseguiram entender o que eu propunha. Pois bem… Está aqui uma tentativa de resposta sobre algo que não é absoluto.

É que formação, ensino, educação dão conta também de uma normatização, um engessamento da constituição da pessoa e do profissional (não importa a área) no sentido de torna-lo um reprodutor, um ser produtivo e em conformidade, no sentido de manutenção de um status quo. Essa complicação ou essa delimitação não me interessam.

No caso de minha atuação, como “arte-educadora” ou “artista-ensinante”,  procuro pelo estímulo à produção de conhecimento crítico, pensamento artístico gerador de problematizações nos outros e em mim. É um grande laboratório que começou em 2010.

Apoiar um desenvolvimento livre e autônomo é oposto à ideia de fórmulas, regras, padronizações. Sou contrária a imposições, tiranias, discriminações e manutenção de verdades largamente aceitas. Isso demanda uma constante atenção. É por isso que quem participa do acompanhamento, dos cursos do 2e1 ou do Trilha encontra nestes programas mais desafios que respostas (que respostas?). São sempre novas formas de pensar que cada um traz e todos têm a liberdade de escolher o que, neste compartilhar de conhecimento e informações, é interessante ou não.

O sistema de arte é cheio de regras, normas e protocolos (Pierre Bourdieu explica). Estes não podem ser confundidos com a produção de arte, com o que cada artista de fato é e pensa. São coisas separadas que as vezes convivem, mas nem sempre. Lutemos para sermos livres em nosso processo de criação, de produção de pensamento, de arte. É esta minha proposta em arte e educação.

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